“Parede de papel”: fragilidade na segurança de agências bancárias do interior,
Campo Grande (MS) – O advogado Gustavo Giacchini, coordenador do movimento MS Contra a Violência, está solicitando audiência com o superintendente regional do Departamento da Polícia Federal, Luiz Adalberto Philippsen, para requerer a fiscalização urgente do sistema de segurança de agências bancárias localizadas no interior de Mato Grosso do Sul. “Recebemos denúncia do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região sobre deficiência na segurança de diversas agências bancárias de cidades do interior como Pedro Gomes e Costa Rica onde ocorreram recentes assaltos. Conforme a legislação, a Polícia Federal é responsável pela fiscalização do plano de segurança de agências bancárias, que vai de alarme, vigia, construção etc. Por isso, vamos requerer uma fiscalização mais efetiva”, anunciou na manhã desta quinta-feira (22) o coordenador do movimento encabeçado pela Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS) que reúne representantes de entidades civis e governamentais na prevenção e combate à criminalidade no estado.
As denúncias sobre a fragilidade no sistema de segurança de agências bancárias do interior foram feitas ao MS Contra a Violência pela presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e região, Iaci Azamor Torres, que visitou a OAB-MS nesta semana. Conforme Iaci, o sindicato constatou “in loco” a deficiência de segurança em visitas às agências bancárias de Pedro Gomes e Costa Rica. “Ela citou várias irregularidades. Disse que a parede dos fundos da agência bancária assaltada em Pedro Gomes, por exemplo, é feita de ‘compensado’, material geralmente usado em divisórias. Ou seja, é praticamente uma parede de papel. Basta empurrar pra derrubar”, explica Giacchini.
Falta polícia – O coordenador do MS Contra a Violência está agendando também visita ao secretário de Estado de Justiça Segurança Pública, Wantuir Jacini, a quem, além de ofício solicitando uma “polícia de resultados”, conforme decidiu recente reunião de representantes do movimento, apresentará outra reclamação feita pela representante dos bancários, Iaci Torres. “Ela conta que o sindicato solicitou às autoridades em dezembro do ano passado reforço de segurança para as agências do interior. Apesar do pedido, só houve reforço no policiamento em Pedro Gomes, através de uma viatura da guarnição policial de Coxim, apenas por uma semana e nunca mais. E esta foi justamente uma das cidades em que ocorreu um dos recentes assaltos”, adianta Giacchini.
Iaci Torres, afirma que vai acompanhar o coordenador do MS Contra a Violência nas audiências que estão sendo agendadas com o superintendente de Polícia Federal e com o secretário de Justiça e Segurança do estado, para confirmar suas denúncias de irregularidades.
União de forças – Gustavo Giacchini reafirmou hoje que, além da Sejusp, o movimento enviará requerimentos ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Jerson Domingos, e ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador João Carlos Brandes Garcia, solicitando que o poder Legislativo e o Poder Judiciário acompanhem diretamente os recentes episódios de assaltos a bancos no interior e tomem as providências cabíveis às suas respectivas alçadas, visando, no conjunto, garantir a prestação de serviços eficaz de segurança pública.
Diante de denúncias veiculadas pela mídia estadual de que forças da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) teriam sido alertadas previamente sobre os recentes assaltos a bancos ocorridos nas cidades de Costa Rica e de Pedro Gomes e de que o delegado titular do Garras (Grupo Armado de Repressão e Resgate a Assaltos e Seqüestros), Luís Carlos Rodrigues, teria sido afastado da unidade e transferido para a Delegacia de Homicídios por ter se recusado a “bancar do próprio bolso” diárias para investigar os assaltos a duas agências bancárias de Costa Rica, conforme sua própria versão, os integrantes do movimento decidiram propor à Sesusp a criação de um procedimento padrão das forças policiais para atuação em casos de emergência no interior do estado.
Condições de trabalho – Para os integrantes do movimento, embora a política seja algo que exista em todas as organizações, sejam de caráter privado ou governamentais, não se pode aceitar que políticas internas ou burocracias atrapalhem a execução do trabalho policial em ações de prevenção e de combate ao crime. Dentro das propostas que o MS Contra a Violência pretende fazer à Sesusp, está a fixação de valores de diárias condizentes para que a Polícia Civil possa pagar hospedagem, alimentação e transporte para atuar em casos emergenciais no interior.
“Vamos propor também que a liberação dessas diárias seja agilizada, sem burocracia, já que nem sempre o servidor público dispõe de dinheiro para bancar as despesas e esperar o reembolso posterior”, argumenta Giacchini.
Outra proposta defendida pelo MS Contra a Violência é a adoção, pelo Estado, de uma política de adicional de salário para lotação de servidores em municípios distantes da Capital ou de difícil acesso. “Temos informação de que muita gente desiste de prestar concurso para servir ao Estado em cidades distantes por não haver quaisquer incentivos. Uma nova política pode ajudar a reforçar o efetivo policial no interior para que as cidades distantes não fiquem tão dependentes da Capital”, disse o advogado.