Na posse de juízes, Fábio Trad destaca que judiciário e advocacia devem garant
Campo Grande (MS) – “Toga e Beca são diferentes na forma, mas cerzidas com linha de igual tessitura”, afirmou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul, Fábio Trad, ao discursar durante a solenidade de posse de 18 novos juízes substitutos no Judiciário estadual, realizada na tarde desta sexta-feira (30) no plenário do Tribunal de Justiça. Na ocasião, o presidente da OAB-MS saudou os novos juízes destacando a importância do judiciário para a superação de crônicos conflitos da Nação dentro do princípio do estado democrático de direito lembrando também o papel, igual, da advocacia, na garantia destes mesmos direitos.
Veja a íntegra do discurso:
“Saudação às autoridades,
A classe dos advogados de MS está presente. De corpo e espírito. Está jubilosa também. Por hoje e pelo amanhã.
Um país como o Brasil. destinado pela natureza a ser a síntese das melhores virtudes de uma Nação, precisa de Justiça para a superação de crônicos conflitos.
Somos, geograficamente, um continente carente de judicatura. Poucos, pouquíssimos Juízes pará um turbilhão de gente. O concurso é rigoroso e há de sê-l o porque ser Juiz é fazer aqui na Terra, aquilo que um dia Deus fará com todos.
Juiz é a síntese do contraditório. O equilíbrio, a imparcialidade, a definição.
Quanta responsabilidade pesa sobre os ombros de um Magistrado!
Ele há de ser rico como o foi Salomão, que viu tudo na vida, mas só encontrou Deus na riqueza do amor e da sabedoria.
É preciso ser forte e monásticamente sereno. Forte para conter os ímpetos da mais nefasta e nociva doença da alma: a vaidade, madrasta de todas as maldades. Sereno, para ter a prudência de divisar entre os futuros abraços aqueles que o fazem interessados na força da toga daqueles que, sem reserva mental, abraçam a pessoa, o ser, não o cargo ou a posição social.
Nós, advogados, respeitamos a magistratura com palavras e gestos. A história do Brasil o testifica. Mais, muito mais do que respeito, nós, advogados, cultivamos pela função de julgar um acendrado sentimento de devoção cívica em razão da suprema importância política do ofício judicante. Parafraseando o Ministro Carlos Ayres Britto, entre nós, advogados, e magistrados, não há permanente confronto, mas episódicos dissensos.
Sempre foi assim: dissenso no micro-doméstico; consenso no macro político-institucional. E que assim seja, porque antes dissentir de coisas transitórias do que confrontar-se por valores permanentes; antes dissentir de quantidade da taxa do que confrontar-se pelo valor da democracia. Por isso, frustrando a expectativa de mesquinhos espíritos que, saudosos da política da força que fragiliza o estado de direito torcem pelo confronto das instituições, recomenda-se lembrar que contra o peso da natureza das coisas, não há força que resista: Toga e Beca são diferentes na forma, mas cerzidas com linha de igual tessitura.
Os eventos de um dia festivo são marcos de recordações. Premido pelo tempo, que é restrito, e assim deve ser, porque hoje ser breve na fala é virtude, dou-me a liberdade, em nome dos meus colegas advogados, de plantar duas sementes de reflexão neste fértil terreno de pensamento que é a classe de juristas do nosso estado:
I) É missão de compromisso de um Juiz, como agente estatal de um Estado democrático de Direito, fixar como meta de trabalho o combate o crime no dia-a-dia de seu oficio?
2) Prerrogativas da advocacia é uma questão recorrente para a OAB. Ela o seria se não houvesse a necessidade de lutar por elas?
Perguntas que só se respondem com atos, pois fatos não mentem. Que estas sementes dêem bons frutos para que a democracia colha no dia de hoje, Juizes garantistas e constitucionalizadores que enobreçam o cargo com o brilho de suas virtudes, respeitando as partes, legitimando o Direito e renovando sua fé na Justiça.
Cremos que neste caminho, nenhum obstáculo será maior que a beleza de sua história, pois o destino desta trilha espelhará o seu legado, eternizado-os na galeria histórica das vocações bem sucedidas.
Parabéns!
Fábio Trad”