Artigo: “O impacto do Coronavírus nos tempos modernos" (*) Mansour Elias Karmouche

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O Coronavírus não pode ser classificado como um assunto trivial. Trata-se uma pandemia que deixará marcas no modelo de sociedade em que vivemos.

No Brasil haverá uma mudança de paradigma nas relações humanas, com sérios desdobramentos na vida das famílias, das instituições, das empresas, das cidades, enfim, em todas aquelas coisas que concebemos como parte dos usos e costumes no nosso cotidiano.

Sabemos que o vírus tem baixa letalidade para crianças e jovens, e sua sobrevivência e circulação não ultrapassa quatro dias. Do ponto de vista estatístico, não há motivo para pânico. Mas a vida é mais complicada do que números, índices e outros indicadores.

O Covid-19 se alastra com rapidez assombrosa. Para uma pessoa contaminada, a possibilidade de atingir outras 20 é praticamente de 100%. Se elas forem idosas e com quadro de saúde debilitado, a possibilidade de óbito pode ser algo mais do provável, não por haver possibilidade de cura, mas por falta de estrutura médico-hospitalar.

Não há como atender número elevado de doentes num mesmo momento. Este é o dilema que nos assombra.

Essas informações acima já estão espraiadas por toda a população. A mídia tem dado ampla divulgação à pandemia de modo que todos seus aspectos sejam discutidos e abordados em todos os recantos do planeta.

Um esforço imenso da comunidade científica tenta decifrar em profundidade esse vírus perigoso para que se possa, em tempo recorde, criar uma vacina segura para combatê-lo.

Enquanto isso não ocorre, a saída é a prevenção, a mudança de hábitos e dos costumes diários. A restrição social é a melhor opção.

O brasileiro é um povo afetivo e aberto. Nós gostamos de festas e multidões. Gostamos de ter muitos amigos. Por isso, a ideia de quarentena, de manter-se em casa, não circular nas ruas, manter certa distância das pessoas, mexe de maneira imponderável com nosso jeito de ser.

 Podemos chamar essa realidade de “Estado de Exceção” porque somos forçados a alterar nossa cultura, estabelecendo um padrão de comportamento que nos tira daquilo que chamamos de “zona de conforto”.

Se a pandemia durar vários meses – como está previsto – teremos que suportar o distanciamento de pessoas queridas, redobrar as atenções com a higiene pessoal, abrir mão de prazeres e divertimento.

Desse processo emergirá outro País, com outra história, talvez mais fortalecido e mais crítico em relação ao governo e governantes. É importante saber fazer do limão uma limonada.

Quem sabe possamos sair dessa crise mais sábios e menos voluntaristas como certas autoridades. Não é momento de individualismos e sim de sentimento de coletividade.

 

(*) Mansour Elias Karmouche é Presidente da OAB Mato Grosso do Sul.