Assiduidade, profissionalismo e ética são alicerces nos 38 anos de carreira de Juracy Alves Santana

Aos 73 anos de idade, Juracy Alves Santana celebra 38 deles dedicados à advocacia. Carreira construída pela pontualidade, assiduidade, profissionalismo e ética. Para ele, foram esses os elementos que o fizeram conquistar clientes e obter o respeito na sociedade.
Para chegar até essa realização profissional, o decano teve de enfrentar algumas dificuldades, especialmente na infância e adolescência. Nascido em Getulina, no estado de São Paulo, morou em diversas cidades: Bento de Abreu, Araçatuba, Guararapes e Andradina, sempre em fazendas, onde acompanhava o pai no trabalho da roça, cultivando café, algodão, feijão e mamona.
Mesmo diante das dificuldades que teve que passar ao lado dos pais e seis irmãos, Juracy tem boas lembranças da época. “O que me marcou na infância em Andradina foi que tive oportunidades de assistir filmes no único cinema daquela cidade, em sessões matinês e levava gibis já lidos do Tarzan, Zorro e Pato Donald para trocar com os amigos que formava nas filas para ver os filmes”, recorda.
O ensino inicial de Juracy foi em escolas rurais, até os 12 anos de idade. “Após essa idade viemos em mudança de trem de ferro ao então estado de Mato Grosso, fixando primeira residência na cidade de Campo Grande. O local era Vila Carvalho. Estudava na Escola Joaquim Martinho (curso Primário – atual Ensino Fundamental) e também na Escola Arlindo Lima (Colegial – atual Ensino Médio). Aos 18 anos iniciei o curso científico no colégio Maria Constancia de Barros (ali na Rua Marechal Candido Rondon)”, conta.
Conciliando os estudos, aos 14 anos, Juracy começou a trabalhar em um empório e depois em uma empresa de venda de bicicletas até 1967, quando precisou se apresentar ao serviço militar obrigatório. “Após sair do serviço militar, retornei à empresa de venda de bicicletas que havia aberto filial em Dourados. Acabei me mudando para lá em razão de ser transferido e terminei aos 23 anos o científico na escola Presidente Vargas”.
E foi em Dourados que o decano teve a chance de cursar o Direito. “Até 1977 não existia a faculdade de Direito na cidade. Neste ano, houve a instalação de uma na Sociedade Civil da Grande Dourados (Socigran), oferecendo cursos noturnos o que possibilitou o meu ingresso”, diz.
Em 1980, ano de conclusão da faculdade, passou no concurso do Banco do Brasil e assumiu a vaga de escriturário. “Também prestava serviços advocatícios. O meu turno de trabalho no Banco era de 6 horas e me possibilitou atuar em processos jurídicos no tempo livre. No início de 1990 fui para a carreira jurídica do Banco, em Cuiabá, em seguida para Sinop, ficando lá até o fim daquele ano. Retornei para a carreira de escriturário do Banco no meu atual município de residência – Rio Brilhante”.
Juracy atuou nos serviços de advocacia concomitante aos de bancário até 1998, quando se aposentou e passou a se dedicar exclusivamente à advocacia. “A atividade de advogado era muito carente naquela época, principalmente aqui no município de Rio Brilhante. Atuei para manter os interesses jurídicos do cliente em município que não ofertava o serviço jurídico. Sempre fui muito acessível com as pessoas, querendo auxiliar juridicamente, possibilitando o exercício da advocacia também nas cidades vizinhas como: Nova Alvorada do Sul, Dourados, Douradina, Maracaju e Deodápolis”, compartilha.
Sobre a construção da carteira de clientes, Juracy é enfático: “ao longo do tempo fui conquistando os clientes, que faziam marketing boca a boca acarretando na maior procura pelos meus serviços jurídicos”.
Nestes 38 anos de profissão, Juracy já atuou em diversas áreas da advocacia. “Sempre me comparo ao médico clínico geral, pois acredito que o advogado, necessariamente, tem que atuar e entender todos os ramos. Já atuei no administrativo, cível, criminal, previdenciário e trabalhista”, frisa.
Atuação na OAB/MS
Juracy Alves Santana atua na 17ª subseção Rio Brilhante desde a sua criação, em 28 de março de 1994. Sempre na Diretoria, já exerceu as funções de Vice-Presidente, Secretário-Adjunto e Tesoureiro. Atualmente é Secretário-Geral. “São atuações produtivas, principalmente no sentido de buscar união entre os colegas advogados”, enfatiza.
Família
Juracy tem união estável com Lurdes Marlene Weirich desde 1981. Com ela teve um casal de filhos. Maurício Weirich Santana, hoje com 42 anos, mora na cidade de Rio Brilhante e trabalha como farmacêutico. A filha Denise Weirich Santana é fisioterapeuta, tem 35 anos e mora em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Maurício deu a Juracy dois netos. Matheus de 11 anos e Gabriela de 10. A filha Denise outros dois: Enzo de 8 anos e Gabriel de 5. Juracy tem outro filho do primeiro casamento que se chama Nagib Nacer Santana. Ele tem 44 anos e um filho: Miguel de 4 anos.
Recado à jovem advocacia
Aos jovens advogados e advogadas, o decano aconselha que juridicamente sempre haverá dificuldades e é necessário manter os estudos atualizados para se adequar às constantes alterações das leis, bem como atualização de jurisprudências em razão de seu dinamismo.
Segundo ele, o constante estudo também oferece pilares para atender melhor, com ética e transparência o cliente. Juracy fala da importância de estar sempre com boa aparência. “Devemos estar sempre com trajes, atitudes, postura e hábitos compatíveis com a advocacia. Estou deixando com saudades a profissão para os mais jovens que certamente deverão estar inclusos nas ferramentas desta era da inovação tecnológica”.
O decano finaliza o compartilhamento de um pouco de sua história com mensagem de agradecimento. “Manifesto minha gratidão aos administradores e servidores da Seccional OAB/MS, gestão 2019/2021, por abrirem essa possibilidade de historiar minha vida profissional aos jovens que estão chegando. A vida pessoal e profissional nem sempre é fácil, mas vale a pena viver e advogar”, conclui.
Juracy Alves Santana foi um dos entrevistados pela equipe de imprensa da OAB/MS para o Projeto “Compartilhando Conhecimentos”, que tem como objetivo incluir os advogados e advogadas decanos nas atividades da advocacia e valorizar aqueles que fazem parte da história de nosso Estado.
Texto: Laura Holsback / Fotos: Arquivo Pessoal