OAB/MS e Ejud/MS realizam oficina inclusiva sobre Autismo com especialistas nacionais

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), em parceria com a Escola Judicial (Ejud/MS), realizou uma oficina sobre autismo. A iniciativa, que ocorreu na capital sul-mato-grossense, contou com a participação de renomados especialistas na área e teve como objetivo capacitar profissionais do sistema de justiça para um atendimento mais inclusivo e respeitoso a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias.
Aproveitando sua vinda a Campo Grande para a palestra de abertura do Congresso Autismo Sem Fronteira, o conferencista Paulo Liberalesso foi o palestrante da oficina.
O evento, promovido pela OAB/MS em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa em Saúde e Inclusão Social (IEPSIS), acontece neste sábado (24) no Ondara Palace.
A Oficina Autismo sem Fronteiras reuniu juízes, desembargadores, membros do Ministério Público de MS (MPMS), advogados e servidores da justiça estadual. A assistente social e palestrante Emília Gama, que abordará o tema “Aborto Social” no congresso, também marcou presença na ação pedagógica.
O desembargador Alexandre Lima Raslan, vice-diretor da Ejud/MS, agradeceu a parceria com a OAB/MS, destacando a importância da participação da magistratura em atividades educativas como essa. “Devemos aproveitar essas oportunidades para ampliar o conhecimento, o que nos ajuda na tomada de decisões”, afirmou Raslan, ressaltando o desafio de promover a verdadeira inclusão no judiciário.
Luiz Renê Gonçalves do Amaral, Secretário-Geral e Corregedor-Geral da OAB/MS, expressou sua gratidão pelo apoio da OAB/MS na realização do congresso, que ele considera um marco histórico para Campo Grande na luta pela inclusão de pessoas com autismo. Em um depoimento emocionado, Luiz Renê, pai de uma criança autista, compartilhou como o conhecimento de Paulo Liberalesso e Emília Gama transformou a vida de sua filha. “Vocês fizeram com que minha filha Ayla tenha um futuro diferente”, disse ele, enfatizando o papel do congresso em levar conhecimento e apoio a mais de mil pessoas, entre famílias atípicas e autoridades capazes de promover mudanças significativas.
Conhecimento e Sensibilidade para o Futuro
Paulo Liberalesso, médico neurologista infantil, doutor em Distúrbios da Comunicação Humana e PhD em Neuropediatria, abordou dados científicos e literários sobre o autismo. Ele desmistificou a ideia de que o diagnóstico só pode ser firmado após os três anos. “A literatura diz que o TEA, em suas manifestações críticas, estão presentes nos primeiros três anos. Tenho pacientes com diagnóstico entre 7 e 8 meses. Quanto mais treinados seus olhos estiverem, mais precocemente é possível fazer o diagnóstico. É preciso ter diagnóstico fechado do autismo para iniciar intervenções”, explicou.
Emília Gama, assistente social especialista em Saúde Mental e TEA, mestre em Saúde e doutoranda em Educação, também compartilhou sua experiência como mãe de um filho com Síndrome de Down e autismo. Ela destacou a importância do acesso a tratamentos adequados. “Se meu filho tivesse acesso a tratamentos adequados, seria diferente. A discussão hoje não é sobre autismo: é sobre futuro, é sobre acesso”, ressaltou.
A oficina contou ainda com a presença de diversas autoridades, como o Conselheiro Federal e Membro Honorário Vitalício Mansour Elias Karmouche, a Secretária-Geral Adjunta Letícia Arrais Miranda Guimarães, a membra consultora da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB/MS (CDPA) Chayene Marques Georges do Amaral, e a coordenadora pedagógica da Ejud/MS, juíza Kelly Gaspar Duarte.
O Congresso Autismo Sem Fronteiras
O Congresso Autismo Sem Fronteiras será realizado neste sábado (24), no Ondara Palace, durante todo o dia. O evento representa um marco para Campo Grande na luta pela conscientização e inclusão do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A programação inclui palestras essenciais para o debate sobre TEA, como “Entendendo o Autismo” com Paulo Liberalesso; “Aborto Social” com Emília Gama; “Indicadores de qualidade e dados” com Rafael Silva; “Direito da Pessoa com Autismo” com Joelson Dias; e “Manejo do Comportamento” também com Rafael Silva. O congresso será finalizado com um espaço aberto para perguntas e discussões.
O engajamento de profissionais de reconhecimento internacional neste congresso demonstra o compromisso em proporcionar uma imersão no conhecimento e transformar a visão de quem atua no universo do autismo. Promover a conscientização e a inclusão sobre o TEA na atualidade é mais do que uma necessidade – é um compromisso com a construção de uma sociedade verdadeiramente empática.