OAB-RJ quer rigor para jovens ricos que cometeram “barbárie”
Brasília (DF) – “Esperamos absoluto rigor em relação a esses jovens. Queremos para esses filhinhos de papai o mesmo rigor que se teria se a mesma atitude tivesse sido cometida por jovens da periferia. Todos, sem exceção, têm que sofrer o rigor da lei.” A afirmação foi feita pelo presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, que considerou “uma barbárie” as agressões cometidas por cinco jovens de classe média alta contra a empregada doméstica Sirley Dias de Carvalho na madrugada do último sábado, enquanto ela esperava um ônibus na parada.
Para Damous, essa “barbárie”, deve ser tratada com a mesma indignação que se viu na sociedade por ocasião do assassinato do menino João Hélio. Para ele, os dois fatos são igualmente graves e desse último pode-se extrair várias reflexões. A primeira diz respeito à banalização da violência na capital carioca e à falta de perspectiva de futuro por parte da juventude. “Refiro-me não só à juventude pobre, mas à juventude no geral, que está sem qualquer perspectiva”, afirma o presidente da OAB fluminense. “Vivemos em uma sociedade em que cidadania significa ter o melhor carro, o celular mais moderno, significa estar vestido com a grife mais famosa. Essa é a noção de cidadania que prevalece”.
Wadih Damous afirmou, ainda, que essa falta de perspectiva acaba gerando a vida fútil que levam esses jovens de condomínio de classe média e alta. Ele afirmou, ainda, que gostaria que a imprensa, que investiga e noticia a criminalidade nas favelas e nos guetos, comece a voltar seus olhos para o que é um jovem de condomínios da zona sul e da Barra da Tijuca. “Como eles são violentos, como não têm limites e como tratam os funcionários dos condomínios. Esses jovens acham que têm direito a tudo e quando saem dos condomínios acabam cometendo verdadeiras barbaridades”.
A segunda reflexão que se extrai desse acontecimento, ainda segundo Wadih Damous, é a forma com que a sociedade trata aqueles que considera terem uma conduta desviante, como as prostitutas, travestis e dos homossexuais. Ele lembrou que no Rio de Janeiro, há cerca de três semanas, a polícia recolheu prostitutas das ruas, o que acaba sinalizando para esse tipo de acontecimento do último final de semana. “Esses rapazes disseram, como se isso pudesse servir de justificativa para a barbárie que cometeram, que espancaram essa senhora sob a alegação de terem-na confundido com uma prostituta”, afirmou. “Só que isso não é justificativa para tal barbárie”.