OAB vai à Escola detecta carência absoluta em jovens no interior de MS

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Campo Grande – Previsto para iniciar no segundo semestre deste ano nas escolas da rede municipal de Campo Grande, o programa OAB vai à Escola já começou em escolas públicas de algumas cidades do interior de Mato Grosso do Sul e está detectando uma carência total em crianças e adolescentes que vai desde a falta de estrutura familiar até a absoluta ausência de uma perspectiva futura de vida e de trabalho. É o que informa a advogada Mônica Barros Reis, coordenadora do programa OAB vai à Escola para o interior do estado.

Retrato dramático – “Imaginei que meu trabalho se resumiria a levar informações sobre cidadania, direitos fundamentais do cidadão, etc., ao público-alvo do programa, adolescentes do segundo grau de escolas públicas. Entretanto, já de início, fui impactada com a dramática realidade dos jovens das escolas públicas do interior do estado. Eles são carentes de tudo, desde estrutura familiar, respeito, valores morais, informação, até uma perspectiva futura de vida e de trabalho. A maior parte deles não espera se formar no segundo grau”, conta Mônica Reis, que tem visitado escolas de Aquidauana.

A advogada informa que os próprios diretores e professores de escolas públicas visitadas têm lamentado o elevado grau de desinteresse dos jovens e chegaram a sugerir que abordasse temas como respeito ao próximo, auto-estima, pontualidade, sexo seguro, aborto, drogas, etc. Mônica Reis explicou que tem sido surpreendida com a realidade encontrada no contato com os alunos: “A sexualidade desses jovens é super-precoce, mas a informação é zero. Casos de meninas grávidas com 11 anos são banais – às vezes do pai ou do padastro. Também são banais estupros cometidos dentro do colégio, nos banheiros, pelos próprios alunos, falta de estrutura familiar, prostituição, brigas de gangues, etc. Enfim, vivencio, nessas palestras, um enorme problema social, que não é um episódio isolado, restrito a Aquidauana, mas a todo o Estado”, lastimou.

“Os jovens pobres são carentes de tudo e a informação está, não digo no último lugar, mas próximo a ele, na lista de prioridades para uma vida digna. Sinto que os professores, por mais boa vontade que tenham, também estão atônitos com essa geração agressiva, sexualmente ativa, mas desinformada, carente de estrutura familiar e de valores morais, que não os respeita e não tem qualquer estímulo para estudar”, informou.

Apesar da dura realidade que tem encontrado nas escolas públicas do interior, Mônica Reis acredita que programas como o OAB vai à Escola, aliado a outras iniciativas, podem e devem ser levados adiante para melhorar as perspectivas desses jovens. “Cada vez mais me conscientizo que é preciso fazer muito, pois esses jovens serão os adultos de amanhã e, se bem preparados, poderiam mudar a cara do país em uma geração. Gostaria de ser presidente da República ao menos por um dia, para repensar todo o sistema público de ensino e começar de novo, do zero” acrescentou.