Rosely Scandola cursou medicina, mas teste vocacional confirmou paixão pela advocacia e já são 44 anos de carreira

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Aos 67 anos de idade e atuante na área do Processo do Trabalho e Sindical, Rosely Coelho Scandola comemora os 44 anos de advocacia. A trajetória até aqui não foi fácil, cercada de muitas dificuldades, dúvidas, mas também conquistas. Ela chegou a cursar medicina, porém por desejo do pai e após teste vocacional confirmar a habilidade, ingressou no curso de Direito, construindo quase cinco décadas de dedicação à sociedade.

Nascida em Campo Grande e a mais velha de três irmãos, Rosely recorda a infância boa, saudável e com bons exemplos dos pais. As responsabilidades lhe foram atribuídas ainda cedo, na adolescência, quando ministrou aulas de acompanhamento escolar e depois trabalhou no comércio, conciliando as atividades aos estudos.

Quando chegou na fase de escolher o curso do ensino superior, Rosely tinha em mente a vontade de ser médica, mas depois o coração a guiou para a profissão certa. “A princípio não pensava em ser advogada, queria ser médica. Contudo, durante os três anos de estudo, percebi que minha inclinação era maior para a advocacia. Meu pai sonhava muito com filhos advogados. Era corretor de imóveis e nessa área apareciam muitos litígios. Fiz um teste e o resultado confirmou a minha verdadeira aptidão”, lembra.

No entanto, a decana identificou o caminho que construiria carreira antes disso. “Quando estudava o ginásio fazíamos homenagens à Pátria, aos heróis. Certa vez proferi um discurso do Marechal Deodoro Fonseca. Penso que ali já se despontava para mim a advocacia. Pois, o advogado é tido como articulador, eloquente e sobretudo orador”.

Rosely contou com ensino de qualidade. Ela considera os professores que teve como “excelentes”. “Fui aluna da saudosa professora de literatura Maria da Glória Sá Rosa, que nos incentivava muito a ler, fazer redação. Dizia que o profissional deveria falar muito bem, expressando e escrevendo o português de forma correta. Sobretudo, discorrer e falar de todos os assuntos da atualidade, além de ter uma cultura geral para se despontar e ter carreira profissional de sucesso”, destaca.

O primeiro contato que Rosely Scandola teve com a profissão foi quando cursava Direito e trabalhou em um escritório como secretária. “À época usávamos a máquina de datilografar para digitar petições judiciais de vinte, trinta folhas. Então aprendi a peticionar, a entender mais do Direito e tendo a certeza de que iria mesmo ser advogada”, rememora. Ela se formou em 1975, na antiga FUCMAT, e pegou a carteira para o exercício da profissão na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), no ano seguinte.

Casada com um também advogado, Rosely é mãe quatro filhos, tem nove netos e quatro bisnetos. Somente um dos netos cursa o Direito, os demais acreditam ser uma profissão “de mercado muito competitivo”.

Advogado indispensável à Justiça

Para Rosely o advogado é o ser que traz ao mundo prático o ideal da aplicação estatal juridicamente convencida. O advogado não tem poder estatal, mas tem ministério conferido pela Constituição para provocar a Jurisdição e convencer o Estado a tomar a decisões necessárias e dentro da lei. Segundo ela, até mesmo quando o advogado não sai vitorioso em seus argumentos, ele é essencial. Porque para rejeitar a tese, o juiz deve elaborar outra em contrariedade direta, que sustentará a decisão em grau de fundamentação, engrandecendo-se o debate jurídico e alargando-se as hipóteses de hermenêutica. “Isso contribui para o equilíbrio das futuras decisões judiciais e para o aperfeiçoamento jurisprudencial e mesmo legislativo”, avalia.

À jovem advocacia, a decana deixa recado de perseverança. “Os tempos são diferentes. Mesmo sem a tecnologia que temos hoje, conseguimos sobreviver, adquirir bens, construir e formar a família, o que com muito mais facilidade se consegue nos dias de hoje. O segredo é a honestidade, a paciência, a cordialidade. Sobretudo, a postura e a reciclagem, pois temos inúmeras ferramentas para serem usadas. É muito importante manter os estudos, aperfeiçoando o ensino jurídico. Não podemos ficar ou permanecer estáticos, este é o segredo. Não se preocupe com concorrência se é bom no que faz”, aconselha.

Compartilhando Conhecimentos

Rosely Coelho Scandola, assim como Ana Abdo, Alci Araújo, João Glauco Arrais, Aparecidos dos Passos, Belmira Vilhanueva, Osvaldo Feitosa de Lima e Vicente Sarubbi, foram entrevistados pela Equipe de Imprensa da OAB/MS, no Projeto ‘Compartilhando Conhecimentos’. O objetivo da Seccional é apresentar a todos um pouco da carreira e vida daqueles que escreveram a história da advocacia sul-mato-grossense.

Texto: Laura Holsback / Fotos: Gerson Walber