De servente de pedreiro a advogado: Salim Moises Sayar recorda 40 anos de carreira
Em quatro décadas, a advocacia passou por diversas mudanças. O computador e o celular viraram realidade e hoje fazem parte da rotina diária de qualquer escritório. De servente de pedreiro, funcionário em Cartório a Advogado, Salim Moises Sayar recorda os 40 anos de carreira e o desenvolvimento das cidades de Cassilândia e Chapadão do Sul.
Descendente de libaneses, filho de Moisés Sayar e Dona Olímpia Dias Sayar, ele nasceu dia 24/03/1952 no Distrito de Cassilândia, região povoada por fazendeiros, como o Seu Joaquim Balduíno, mas conhecido como ‘Cassinha’. Visionário, ele doou parte de sua fazenda para permitir a expansão do então Distrito, que em 1954 foi emancipado e em sua homenagem veio a chamar Cassilândia.
A história de Salim se confunde com a do município. Nas décadas de 60/70 começavam as construções na cidade. Entre elas, o primeiro clube da cidade, Cassilândia Tenis Clube. “Meu pai era pedreiro e eu resolvi trabalhar com ele como servente nessa construção. O sonho de ser advogado começou de verdade ali, quando eu trabalhava na construção do Cassilândia Tenis Clube” (Foto da Diretoria da época).
Surgiu a paixão pelos estudos e Salim foi trabalhar no Cartório do 1° Ofício. “Com a criação da Comarca e a chegada de dois advogados na pequena cidade de Cassilândia, com os quais firmei amizade, aumentou meu sonho de ser advogado, resolvi prestar vestibular em São José do Rio Preto, na FADIR, onde fui aprovado e para onde me mudei e residi até o término do Curso em 1978”.
Durante a graduação, ele lembra de emprego na área. “Fui ao Fórum de São José do Rio Preto, onde consegui emprego como escrevente, graças ao Professor de Direito Civil, Doutor Juvêncio Gomes Garcia, com o qual conversei após a aula, dizendo de minhas dificuldades financeiras para continuar na Faculdade, momento em que recebi seu total apoio, oportunidade em que ele retornou comigo na sala de aula, me apresentando um colega João. Ele me pediu para ir cedo ao Cartório do 2° Ofício, lá chegando fiz um teste de datilografia e comecei a trabalhar na mesma hora, permaneci por dois anos, fiz concurso e fui escrevente juramentado”.
Em 1989 recebeu a carteira OAB/MS 2.338, atuando em Cassilândia, nas cidades vizinhas e em Goiás. Na década de 90, ele participou de Diretorias da Subseção, até chegar a Presidência, “eleito por unanimidade, obtive os votos de todos os advogados votantes”. Também foi Coordenador da ESA/MS em Chapadão do Sul na gestão 2010/2012.
“Com a criação e instalação da Comarca de Chapadão do Sul, em 1987, comecei a atender meus clientes da recém-instalada Comarca, em suas residências mesmo, até que, juntamente com mais dois colegas, locamos um prédio e montamos nosso escritório”. O Distrito, criado com a denominação de Chapadão do Sul, era até então subordinado ao município de Cassilândia.
Ele lembra da mudança para a nova cidade: “Inicialmente, eu vinha nas sextas-feiras para Chapadão. Como o movimento foi crescendo, passei a vir mais vezes, até que a Comarca de Chapadão começou a tomar meu tempo e mais dias da semana. Com isso, na época, minha esposa disse: “Você está indo muito para Chapadão, vamos nos mudar pra lá? Diante dessa conversa, passei a olhar com outros olhos e a pensar melhor no assunto. Não demorou muito e resolvemos mudar para Chapadão, reformando casa pra morar e adquirindo o prédio, onde até hoje é nosso escritório, na Avenida Goiás, 446, perto do Fórum”. O ano era 2003.
No início da profissão, Doutor Sayar atuava em diversas áreas. “Posteriormente, ampliei o escritório, e comecei a receber colegas recém-formados”. Ele explica como formou uma clientela: “Atendendo todos, indistintamente. Primeiro tentando resolver o problema do cliente, para depois resolver o seu como profissional. Atendia os clientes que podiam pagar os honorários, como também, da mesma forma, os que atendiam e fazia o trabalho de graça”, lembrando que, naquela época, não tinha Defensoria Pública na cidade.
Sobre o começo da carreira, ele deixa recado aos mais jovens: “Para se tornar um bom advogado, tem que estudar, atender e orientar seus clientes para o caminho do bem e do direito. Para viver na advocacia, devemos construir uma grande clientela, atender os que podem pagar os honorários e os que pagarão os honorários ao final do processo, conseguindo com isso, uma carteira de recebimentos”.
Doutor Sayar tem dois filhos do primeiro casamento, o Advogado Moises Salim Sayar e Carolina de Souza Sayar. Do segundo casamento, o estudante de Direito Sami Salim Sayar e a filha Samira Sayar, de 17 anos.
Salim, assim como Dinalva Garcia, Rosely Coelho Scandola, Ana Abdo, Alci Araújo, João Glauco Arrais, Aparecidos dos Passos, Belmira Vilhanueva, Osvaldo Feitosa de Lima e Vicente Sarubbi, foram entrevistados pela Equipe de Imprensa da OAB/MS, no Projeto ‘Compartilhando Conhecimentos’, que tem como objetivo apresentar a todos um pouco da carreira e vida daqueles que escreveram a história da advocacia sul-mato-grossense.
Texto: Catarine Sturza / Fotos: Arquivo Pessoal