OAB: “No dia do índio, não há o que se comemorar”
Brasília, 19/04/2004 – O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, José Edísio Simões Souto, afirmou que ontem (19), o dia do índio, não há nada a se comemorar no Brasil. Edísio Souto afirmou que é do governo a responsabilidade pela preservação das áreas indígenas e relembrou a crise recente ocorrida no sul de Rondônia, onde garimpeiros e índios da tribo Cinta-Larga entraram em conflito pela posse de terras. A Polícia do Estado investiga o ataque feito a grupo de garimpeiros por querreiros Cinta-Larga, que tiveram as terras invadidas. Há notícias de que até doze pessoas possam ter morrido no confronto. Como resposta ao ataque, cerca de 300 garimpeiros tentaram crucificar um índio na praça central de Espigão D’Oeste, no Sul de Rondônia, no último dia 10. Revoltados com a morte de alguns companheiros num garimpo clandestino, os garimpeiros capturaram um índio nas cercanias da cidade e o deixaram amarrado a uma árvore da praça, por mais de duas horas. O prisioneiro sofreu várias agressões e só não foi executado porque a Polícia chegou ao local. Veja, a seguir, a declaração de Edísio Souto sobre a ausência de motivos para comemoração do dia do índio no Brasil. “Hoje deveria se comemorar o dia do índio, mas do ponto de vista da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil não há o que se comemorar, muito pelo contrário. Este deveria ser um dia de reflexão para todos os brasileiros. Para constatarmos essa ausência de motivos para comemoração, basta analisarmos a crise recente ocorrida no Estado de Rondônia, onde garimpeiros invadiram as terras dos indígenas. Os índios, em sua defesa e na defesa de suas terras, que sofrem invasões costumeiras, acabam indo para o ataque, matam garimpeiros e se instala essa crise. A violência não é justificável sobre nenhum prisma, mas é o governo brasileiro quem tem preservar a terra do índio. A terra do índio tem que ser preservada”.