50 anos de carreira: o sonho era ser aviador, mas foi o Direito que levou Mário Peron às alturas

Era o dia 18 de dezembro de 1970 quando Mário Eugênio Peron prometeu exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Dono da carteira de número 788, foi seguindo esses princípios básicos que ele conquistou 50 anos de carreira.
Apesar de ter se encontrado na advocacia e nela ter construído história, cursar Direito nem passava pela cabeça do decano. Mário Peron conta que o sonho era ser aviador: aprender a voar pelo total e absoluto prazer de cruzar os céus. Chegou a se matricular na Escola Preparatória de Cadetes em Minas Gerais, no ano de 1959, mas o destino o fez retornar a Campo Grande, sua terra natal, e o encaminhou para a verdadeira vocação.
“Entrei na faculdade por sugestão de um grande amigo, Ascario Nantes, em 1966. Era a primeira turma de Direito de Campo Grande na antiga Fucmat e atual UCDB. Agradeço a oportunidade de ser operador do Direito. Foi de onde tirei o meu sustento e de minha família, sabendo também que de certa forma pude auxiliar muitas pessoas ao longo desses anos”, celebra.
Mário Peron atua na área Cível, em especialmente Família e Sucessões. Sempre foi um homem de boas amizades e neste quesito um fato marca a carreira dele. A mais de 30 anos um desconhecido entrou no escritório onde trabalhava dizendo que havia sido prejudicado com a perda de uma ação possessória em que Peron atuava para a parte contrária. Depois disso, não mais se afastaram. “Após narrar os fatos e demonstrar insatisfação com o resultado da referida causa, essa pessoa perguntou se eu poderia passar a ser o seu advogado. Desde então, se tornou cliente e amigo até o seu falecimento, há 3 anos”, lembra.
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul, também faz parte desta vasta história de carreira. O decano foi membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul por vários anos e, por indicação da OAB/MS, foi nomeado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso para integrar por quatro anos o Tribunal Regional no Estado.
Essas cinco décadas de experiência Mário Peron construiu com muito trabalho, dedicação e perseverança. Aos 78 anos, ele se sente realizado e fala que em breve se aposentará, pois quer estar mais tempo com a família e amigos. Àqueles que recém ingressam na carreira jurídica, o decano aconselha que “sejam leais, corretos e procurem atender as necessidades jurídicas daqueles que confiam no seu trabalho como advogado”.
Vida familiar
Mário Peron tinha cinco anos quando o pai faleceu. Aos 12, ele precisou trabalhar para contribuir com o sustento da família. Apesar de ainda cedo ter assumido responsabilidades adultas, tem boas recordações da época. “Tive uma infância feliz ao lado dos meus cinco irmãos e de minha mãe que nos criou com muito carinho e dedicação apesar da perda de meu pai muito cedo”, recorda. Entre os irmãos, nenhum seguiu os mesmos passos na carreira jurídica e Peron foi o primeiro advogado da família.
A dedicação a longos anos de conquistas não se resume apenas ao trabalho, no amor Mário Peron também é decano. Ele e Lana Peron são casados há 53 ano. Frutos dessa realização pessoal o casal teve três filhos, uma filha e 11 netos e netas.
Nos passos do pai, dois filhos e a filha seguiram a carreira jurídica. Um é juiz, outro procurador do Estado e ela advogada. Duas netas de Peron se espelharam na família e também se formaram em Direito.
Projeto ‘Compartilhando Conhecimentos’
Doutor Mário Eugênio Peron foi um dos entrevistados do Projeto ‘Compartilhando Conhecimentos’, promovido pela OAB/MS desde junho de 2020, com o objetivo de incluir os advogados e advogadas decanos nas atividades da advocacia e valorizar aqueles que fizeram a história de nosso Estado.
Já contaram as suas histórias: Marline Kalache, Salim Moises Sayar, Dinalva Garcia, Rosely Coelho Scandola, Ana Abdo, Alci Araújo, João Glauco Arrais, Aparecidos dos Passos, Belmira Vilhanueva, Osvaldo Feitosa de Lima e Vicente Sarubbi, Jorge Gai , Natalina Luiz de Lima, Ademar Mariani, Milton Melgaref da Costa, Silvia Bontempo, Eduardo Coelho Leal e Juracy Alves Santana.
Texto: Laura Holsback / Foto: Arquivo Pessoal